“Se não fosse esse aprendizado, não seria quem eu sou hoje”. Este é o balanço que a trabalhadora doméstica Vânia Maria Juvêncio, 29 anos, faz de tudo que ela teve a oportunidade de aprender depois de crescida e que a fez superar todos os problemas que enfrentou ao longo da vida. Depois de ter sido, junto com a mãe e os irmãos, abandonada pelo pai ainda bem pequena, Vânia sofreu abuso sexual de um tio com quem foi morar para que a mãe pudesse trabalhar fora da cidade. A violência se multiplicou quando, aos 13 anos, teve que iniciar a vida como trabalhadora doméstica numa casa onde também era abusada pelo patrão. Mesmo depois de casar, aos 16 anos, os desafios não pararam de aparecer: ela teve que abandonar a escola para cuidar dos filhos e morar na casa da sogra.
Mas hoje a história é bem diferente e tudo começou a mudar quando ela conheceu o grupo de lideranças da comunidade Eucalipto, onde mora, acompanhado pela Associação Comunitária Nova Vida, parceira local da Concern Universal no Brasil. “Antes, nunca tinha ouvido falar sobre direitos e nem tinha conhecimento dos espaços onde reivindicá-los. Hoje muita coisa mudou na minha vida: passei a conhecer meus direitos e lutar por eles. Aprendi a respeitar os outros, a ser uma boa mãe”, conta.
Além de ter voltado a estudar através do programa Pró Jovem, que promove a educação de jovens e adultos e ter melhorado sua relação com os filhos, Vânia continua trabalhando como doméstica, mas hoje tem consciência de seus deveres e direitos como trabalhadora. Além disso, também percebeu que tem um papel importante na comunidade e hoje luta por melhorias para todos/as. “Tive oportunidade e coragem de reivindicar meus direitos seja para minha família ou por melhoria para minha comunidade: elaboramos um plano de ação para melhoria no atendimento médico no bairro; promovemos um abaixo assinado que foi entregue à Câmara Municipal cobrando fardamento, merenda e segurança nas escolas; também participei da elaboração do Plano do Saneamento para comunidade”, enumera.
Consciente da importância de quem promoveu a capacitação e articulação da comunidade, Vânia faz questão de agradecer às pessoas que, mesmo sem conhecê-la, acreditaram nela e no seu potencial. “Agradeço por terem me dado a oportunidade de participar desse grupo”.
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